quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A CIDADE DE MORPHEUS




A CIDADE DE MORPHEUS 

Dedo polegar esticado, o estranho espera alguma alma caridosa que possa lhe dar uma carona até a cidade mais próxima, quem seria tão corajoso, ao ponto de parar num lugar escuro e deserto, de repente uma luz um caminhão para bem à frente, o estranho abre um sorriso corre até a porta.
-O senhor pode me dar uma carona até a próxima cidade?
-Claro o que faz perdido à uma hora dessas? Esta estrada é perigosa, olha quem fala, acabei de me arriscar parando para um estranho, vamos suba logo, geralmente nunca faço isso não sei de onde veio essa coragem meu nome é César. Então andarilho o faz perdido por essas bandas?
-Vim fazer uma visita a dois amigos e acabei me perdendo.
-Mas que tipo de amigo larga o outro na estrada entregue a própria sorte? Desculpe esta falando dessa maneira é que gosto de saber quem eu carrego na boleia do meu caminhão.
-Meu nome é Eddy Fantasia.
-Então Eddy para onde você vai? Pois não estou vendo nenhuma bagagem.
-Andei muito tempo por ai, agora estou voltando pra casa quero ver minha mulher e meu filho.
-Então você é casado?
-Sou há sete anos, hoje é aniversario do garoto, espero chegar logo pela manhã.
-Deve ser bom ter família, eu sou casado com a estrada meu único filho é esse caminhão, não que eu não tenha minhas paixões outro dia eu conheci uma dona que estava com um menino ela era do Rio de Janeiro mulher corajosa rapaz, estava levando o menino para conhecer o pai não era filho dela, parece que a mãe dele tinha morrido atropelada, pobre Josué que destino teve aquele garoto? Deus cuide bem dele, bom como eu estava falando eles iam para Bom Jesus do Norte o menino queria conhecer o pai, não tive coragem de assumir um relacionamento então fugi, nunca vou esquecer aqueles olhos seu nome era Dora, falei demais me conta um pouco de você, o que faz pra ganhar a vida?
-Trabalho aqui e ali mais na verdade sou escritor, claro ainda amador, escrevo contos poemas crônicas.
-Olha só essa vida, um artista no meu caminhão!
-Pois é vivo imaginando coisas, fantasiando como seria. Adoro fazer isso mesmo às vezes correndo o risco de ser processado, esse é o meu modo de contar curtas historia.
Depois de conversar muito os dois ficaram em silêncio, entre uma curva e outra Eddy fantasia olhava as estrelas e a lua clareando toda a estrada, aquela paisagem seca morta.
-apesar dos apesares essa paisagem é linda às vezes me faz esquecer de comer. Diz césar.
-Realmente tudo é muito bonito, parece que estamos diante de um quadro pintado a mão.
-Isso é uma obra de Deus, logo á frente tem um restaurante vou parar um pouco só assim vou comer, o amigo me acompanha?
-Estou sem fome.
Então bebe alguma coisa, depois de tanta poeira deve esta com a garganta seca.
Vou pedir carne seca.
-Desculpe-me César é que estou sem dinheiro
-Eu sei disso, com dinheiro não estaria pegando carona.
-Vamos me acompanhe será tudo por minha conta, só não tomo bebidas alcoólicas sou evangélico.
-Já que o amigo faz questão vou querer um copo de leite.
-Leite? Cara de espanto.
-Sei que parece estranho mais não bebo nenhum outro tipo de bebida apenas água e leite.
-E a carne seca?  Deve estar uma delicia é a melhor dessa região.
-Tudo bem, bebo leite e como carne.
César começa a rir – nunca vi isso leite e carne seca, vai entender o gosto.
-Às vezes meu amigo, o diferente causa surpresas e espanto.
-Eu não quis ofender o amigo, peço desculpas.
-Que isso, não foi nenhuma ofensa.
O caminhão finalmente parou num restaurante grande chamado “W Sales” bem iluminado dentro tudo normal, sentadas nas mesas poucas pessoas, um casal na direita, uma senhora gorda no centro, outra mulher comendo solitária na esquerda o homem atrás do caixa tinha bigodes, um sujeito normal destes homens com a cara bem dura devia ser o dono do estabelecimento. Aquela hora da noite tinha apenas uma garçonete uma mulher bonita de sorriso largo devia ter seus vinte anos, morena dessas de deixar o homem com cara de babaca, logo ele veio atender, enquanto a menina foi buscar o pedido César disse uma coisa.
-Sabe Eddy, às vezes quando estou dirigindo meu caminhão tenho a sensação estranha, rodo e rodo por muitos lugares mais sempre estou no mesmo lugar, esse restaurante todas essas pessoas até mesmo você não me parece estranho.
-Eu não ia te falar nada, estava esperando apenas amanhecer, eu acordaria no meu sofá, pois passei a noite vendo filmes e adormeci. César é um caminhoneiro de 60 anos, um evangelista solitário que não conhece a vida fora da estrada.
- você é um personagem de um filme! César nem deixou Eddy terminar de falar, deu uma gargalhada e disse.
- isso só pode ser uma brincadeira ou você é louco, que filme personagem? Nunca mais pego ninguém na estrada, vou embora logo.
 Empurrou a cadeira e saiu.
-Droga estraguei tudo, logo gritou:
- ei césar volte aqui tenho que te contar o menino Josué nunca encontrou o pai mais hoje ele é um rapaz feliz, viveu muito tempo junto dos seus irmãos Isaías e Moisés, é dono de duas marcenarias, a sua amada Dora, voltou pro Rio de Janeiro ela não escreve mais cartas, assim que pôs os pés na cidade maravilhosa fez um jogo de loteria ganhou uma bolada e se mandou com a amiga Irene. Droga ele nem ouviu.
 Eddy decepcionado sentado na cadeira.
-devia ter contado que o nome dele não é César, esse foi apenas mais um de seus muitos personagens, seu nome é Othon Bastos devia ter lhe contado que ele fez Deus e o Diabo na Terra Sol, droga, droga, está amanhecendo e nem posso ir atrás dele.

E tudo foi sumindo lentamente, a mulher que comia solitária na esquerda, o homem atrás do caixa que tinha bigodes e a cara bem dura, o casal da direita, a senhora gorda no centro, a garçonete bonita de sorriso largo, logo se foram as cadeiras, mesas, até o nome do restaurante W. Salles desapareceu. Era bem iluminado, logo as luzes se apagaram não restou nada da noite passada e Eddy fantasia despertou do sonho que tivera, se levantou do sofá e foi preparar um delicioso café.



Edd. 2012